Bem-vindo(a)! Este blog foi criado como uma ferramenta de avaliação para o Curso de Especialização Ética, Valores e Cidadania na Escola, oferecido pela Universidade de São Paulo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Vídeo-aula: 07

 Educação e Ética

A aula Educação e Ética procura abordar alguns princípios relacionados ao tema da ética quando aplicado ao domínio da educação. Pensar a ética na escola significa meditar sobre as relações institucionais como um todo: a relação dos professores entre si; destes com os diretores e com os funcionários da escola; a relação entre professores e alunos; e finalmente a relação dos estudantes entre si. A despeito dessa complexidade que o tema evidencia, procurou-se restringir o campo da análise à questão dos procedimentos mediante os quais o docente poderá problematizar o tema da ética e dos valores com seus estudantes. Educar e produzir a cultura especificamente escolar requererá, de todo modo, eleger saberes e valores com os quais se dirigirá o processo de ensino-aprendizado. Meditar sobre isso é o objetivo desta aula.
 Prof.ª Carlota Boto
§   Aspecto da ética na educação escolar: relação de todos os agentes educativos entre si. Existe um coletivo institucional que vai ser dinamizado nessa reflexão sobre o tema da ética.
A escolarização é uma travessia. A escola é uma transição entre a família a vida social. É um ambiente que prepara o jovem para a vida pública, no sentido da associabilidade. Deparamos-nos com conflitos entre liberdade e autoridade. Até que ponto o professor mantêm a posição da autoridade? A criança é regida por regras exteriores e incorporada de maneira que ela construa suas próprias regras e construa a sua autonomia.
A ética se constrói a partir dos exemplos.
A ética e a política na antiguidade (Grécia) seriam campos quase complementares. Platão e Aristóteles escreveram sobre estes temas na vida coletiva. A palavra que corresponde ao universo privado (idion = idiota). Os gregos utilizavam ethos para falar de ética e os romanos utilizavam mores para falar de moral.
Em educação o outro é o nosso aluno, o nosso colega, aquele que não somos nós. Temos que pautar a nossa ação possibilitando uma vida do bem e uma vida digna. Os gregos faziam essa correlação, falando sobre a vida boa e a ação correta.
A ética é sempre construída como um hábito, partindo de exemplos e ações. Vamos nos defrontar com o tema nas relações com os alunos, colegas de trabalho, funcionários da escola e outros. A ética não é um partido que vamos aderir apenas do ponto de vista teórico, pois deve implicar a ação.
Estou falando da excelência moral, pois é esta que ser relaciona com as emoções e ações e nesta há excesso, falta e meio termo. Por exemplo, pode-se sentir medo, confiança, desejos, cólera, piedade e, em todos os casos, isto não é bom: mas experimentar estes sentimentos no momento, em relação aos objetos certos e às pessoas certas, e de maneira certa é o meio termo e o melhor, e isto é característico da excelência. Há também, da mesma forma, excesso, falta e meio termo em relação às ações. [...] A excelência moral, portanto, é algo como eqüidistância, pois, como já vimos, seu alvo é o meio termo.” (Aristóteles, Ética e Nicômaco, p. 42)
Esse trecho do Aristóteles nos leva a pensar nos desafios que dizem respeito à igualdade em lidar com o coletivo dos nossos alunos, porém pelo reconhecimento. Por outro lado, pela diferença. Somente nessa relação entre igualdade e fraternidade podemos preparar com a democracia. Assim, podemos lidar com a formação do comportamento de viver de maneira a não feria o outro.
Cidade e civilidade têm uma raiz etimológica comum. Civilidade é tratar os outros como se fossem estranhos que forjam um laço social sobre essa distância social. A cidade é o estabelecimento humano no qual os estranhos devem provavelmente se encontrar. A geografia pública de uma cidade é a institucionalização da civilidade.” (Richard Sennett, 1988, p. 323 –4)
De certo modo isso nos conduz a ideia de que trabalhar a criança significa trabalhar a educação do adulto perante o mundo. O educador é a referência.
“Age de tal maneira a humanidade, tanto em tua pessoa como na de todos os outros, sempre ao mesmo tempo como um fim, e nunca como um meio. [...] Age de tal modo que  máxima de tua ação possa transformar-se em lei de validade universal.” (Kant. Fundamentação da metafísica dos costumes).
Para saber se a atitude que eu tomo em alguma situação pedagógica me leva a pensar se eu possa transformar uma ação em benefício de todos os outros. Devemos pensar na ética com relação a nós mesmos.
Perguntas da Ética:
§  Como e por que a ação é moralmente correta?
§  Que critérios devem orientar o pensamento?
§  O que devo fazer?
Ação correta:
§  Felicidade de todos
§   Toma o agente virtuoso
§  Acordo com regras determinadas
§  Justificada aos outros de forma razoável
Determinação da ação correta: ética normativa:
§  Que devemos fazer?
§  Qual a melhor forma de viver bem?
Ética aplicada: resolução conflitos práticos mediante princípios ética normativa.
Isso supõe a clareza da ética. Os critérios devem ser esclarecidos através do pacto pedagógico estabelecido. A escolarização veio para ensinar patamares de comportamento (currículo oculto de formação de atitudes). A ideia da autoridade do professor se legitima não pela obediência do aluno, mas por uma regra razoável. Durante muitos anos a infância não se pensava em ouvir a voz da criança e das gerações mais jovens, inclusive dos adolescentes. Nos últimos 100 anos a infância ganhou um lugar social de respeito, ganhando declarações dos direitos da criança, contudo ainda há momentos que se esquece de ouvir as crianças. O aluno precisa trazer o que tem e melhor para a visibilidade da sala de aula. Hoje a escola concorre com inúmeros universos de formação, através das tecnologias, como a mídia e a internet. Esses conteúdos devem ser trabalhados para ganhar um tom formativo. Muitas vezes os educadores têm dificuldades em lidar com alguns alunos em sala de aula, pois a relação de empatia não é óbvia.

ATITUDE INTOLERANTE:

- Dificuldade de Conviver com o Diferente
- Juízos Cristalizados; Generalizações Falsas
- Ideologias e Falsificação da Realidade
- Educação como instância privilegiada para se evitar/corrigir práticas de intolerância

ATITUDE TOLERANTE:

Confiança na racionalidade, na razoabilidade e no direito do outro: RESPEITO E SOLIDARIEDADE.


 Ética da Justiça e Ética do Cuidado: “[...] a ética fala da justiça porque há desigualdade, fala da amizade porque não somos auto-suficientes, fala da democracia porque não existem sábios suficientemente capazes e competentes para governarem sem perigo de se equivocar.” (Camps, 1996, p.11)

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