O todo pela parte: reflexões sobre o estigma
Prof.ª Ticiana Roriz
Cada um possui características pessoais que podemos gostar ou não. Alguns atributos são mais valorizados em detrimento a outros.
Segundo Goffman:
· "o estigma: situação do individuo que está inabilitado para a aceitação social plena."
· "Um individuo que poderia ter sido facilmente recebido na relação social, possui um traço que pode se impor à atenção e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de atenção para outros atributos seus."
Essa atribuição fala do poder do estigma em fazer com que o outro não enxergue outros atributos no semelhante, a não ser sua deficiência.
· "O que é preciso é uma linguagem de relações e não de atributos.” É tirar o foco da relação.
· "Um atributo que estigmatiza alguém pode confirmar a normalidade de outrem, ele não é em si mesmo, nem honroso nem desonroso."
· "Diferenciar estigmatizado desacreditado de desacreditável: desacreditado - característica distintiva evidente; desacreditável: o estigma não é imediatamente perceptível." Por exemplo: um deficiente auditivo, ao olhar não vemos a características que o diferencia dos demais. Articulação com a vida escolar.
· Tendemos a inferir uma série de imperfeições a partir da imperfeição original.
· Pode-se ainda, generalizar a deficiência: ex.: gritar com um cego, dirigir-se a uma pessoa com deficiência física de forma infantilizada, como se tivesse dificuldade de compreensão. Essa pessoa estigmatizada (com deficiência), pode sentir-se em exibição. Exemplo: valorizar um ato pequeno somente por ela ser estigmatizada.
· Quanto maiores as desvantagens da criança, mais provável que ela seja enviada a uma escola especial; como se ela estivesse mais protegida quando está entre seus iguais, porém, sabemos que isso não é bem assim, a experiência com os ditos normais aumentam o repertório de situações vividas e ajuda na resolução de problemas e enfrentamento de situações constrangedoras. Ela ganha repertório para quando adulta saber lidar com diversas situações.
· Todas essas concepções e formas de agir justificam-se historicamente.
· Terminologia: a maneira como nos referimos a essas pessoas influencia as práticas.
· Ambiente escolar mais sério, somos modelo para as crianças.
· Modelo da saúde: muito focado na deficiência. Exemplo: fazer cirurgia para que deficientes auditivos.
· A maneira como olhamos essas crianças vão orientar as praticas e ações pedagógicas. Somos dentro da escola modelos para as crianças, devemos ter cuidado com a terminologia que usamos e como agimos com essas crianças estigmatizadas no dia a dia.
Devemos enxergar e ver além das deficiências.
A primeira vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na infância
cortei o rabo de uma lagartixa
e ele continuou se mexendo.
alguma coisa
foi quando na infância
cortei o rabo de uma lagartixa
e ele continuou se mexendo.
De lá pra cá
fui percebendo que as coisas permanecem
vivas e tortas
que o amor não acaba assim
que é difícil extirpar o mal pela raiz.
fui percebendo que as coisas permanecem
vivas e tortas
que o amor não acaba assim
que é difícil extirpar o mal pela raiz.
A segunda vez que entendi do mundo
alguma coisa foi quando na adolescência me arrancaram
do lado esquerdo três certezas
e eu tive que seguir em frente.
alguma coisa foi quando na adolescência me arrancaram
do lado esquerdo três certezas
e eu tive que seguir em frente.
De lá pra cá
aprendi a achar no escuro o rumo
e sou capaz de decifrar mensagens
seja nas nuvens
ou no grafite de qualquer muro.
aprendi a achar no escuro o rumo
e sou capaz de decifrar mensagens
seja nas nuvens
ou no grafite de qualquer muro.
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