Bem-vindo(a)! Este blog foi criado como uma ferramenta de avaliação para o Curso de Especialização Ética, Valores e Cidadania na Escola, oferecido pela Universidade de São Paulo.

sábado, 31 de março de 2012

Vídeo-aula: 20

Diferentes possibilidades culturais no currículo escolar
Prof.º César Rodrigues
Fonte da imagem: pretaaporter.com

Em quais lugares se dá a produção da diferença e identidade dos discentes?
·         No contexto parental;
·         Na comunidade local;
·         Na escola propriamente dita;
·         Na mídia de uma maneira geral e na televisão de uma maneira especifica, a partir da disseminação de uma identidade referência localizada dentro de certo grupo etnicorracial.
IDENTIDADE-REFERÊNCIA
“ Diz-se do conjunto fenotípico, gestual, de vestuário, religioso, alimentar, linguístico e comportamental – todos legitimados culturalmente – que representam o modelo de ser humano ao qual a semelhança se deva buscar, pois, quanto maior a proximidade modelar de tal sujeito, maior a possibilidade de inserção social. No caso do Brasil, destaca-se como identidade-referência o ser humano branco, euro-estadunidense e masculino.” (Lins Rodrigues, 2010).

E na escola: onde estão essas identidades e diferenças?
·         Em todos os espaços escolares.
·         Porém, pode-se dizer que a sala de aula é o espaço escolar onde identidades e diferenças têm seus territórios mais demarcados.
E como essas diferenças são perpetuadas?
·         A partir de um referencial branco.
·         Ou seja, meninas e meninos negros têm suas identidades construídas a partir da identidade-referência branca. De tal modo a se tornarem diferença, mesmo antes de suas entradas nas instituições de ensino;
·         Por conta disso, varias implicações perpassam os seus cotidianos escolares, influenciando na construção de suas subjetividades.
Onde estão essas outras possibilidades?
·         Nas culturas invisibilizadas pelo currículo escolar.
As culturas invisibilizadas seriam as culturas pertencentes a grupos que representam a população discente que compõem a diferença, e a população negra marginalizada, e o atrelar dessas culturas populares a divisão desigual de poder deixam essas cultura fora do currículo escolar e elas devem ser legitimadas.
·         E qual seria o local dessas culturas?
O local dessa cultura é o local de convivência dessa população que compõe a diferença.
·         Por que trabalhar essas possibilidades culturais?
Porque ao trabalhar essas possibilidades culturais discentes se estreita a relação entre discente e currículo escolar.
Sugestões de encaminhamentos do trabalho docente
·         Como ação inicial traçar um perfil da/s comunidade/s da/s qual/quais suas/seus alunas/alunos são egressos;
·         Esse perfil pode ser feito por meio de um mapeamento, de preferência com a participação direta do docente;
·         A partir desse mapeamento cultural, elencar as facilidades e dificuldades encontradas para o trabalho com as manifestações culturais encontradas.
Dois exemplos de trabalho com as culturas discentes
Por meio de Projetos desenvolvidos em um município do Estado de São Paulo:
·         O primeiro será um trabalho com uma manifestação cultural nordestina, “Literatura de Cordel”, presente na cultura patrimonial discente em grande maioria das escolas públicas brasileiras (xilogravuras, construção de cordel, etc.);
·         O segundo será o trabalho “Escola com Samba”, entendendo o samba aqui como uma manifestação cultural totalmente influenciada pelas culturas negras (estudo da historia e cultura africana dentro do currículo escolar, letras de samba, questões sociais e culturais históricas e linguísticas);
·         Ressaltando a peculiaridade desses trabalhos.
Cuidados a serem tomados
·         Fugir das inserções culturais “turísticas”, ou seja, fazer com que as manifestações curriculares apareçam no currículo escolar apenas em datas pontuais somente:
·         Exemplo: Levantar as discussões a respeito da valorização da mulher na sociedade apenas na semana ou no dia da mulher;
Restringir as discussões sobre a situação de desvantagem social da população negra apenas na semana da consciência negra.
·         Perpetuar o “mito da democracia racial”, ao utilizar o argumento de todas e todos brasileiros serem mestiços/as e, por conta disso, na haver diferença entre todos nós por sermos humanos, etc.
·         Não estar atentos/as às manifestações racistas explícitas e/ou veladas acontecidas em sala de aula ou em quaisquer outros lugares e/ou momentos vivenciados na escola. A intervenção docente nesses eventos é de crucial importância para a desconstrução dessas manifestações.
Reflexões finais sobre o trabalho
·         Sobre a identificação da hegemonia cultural branca;
·         Sobre a desconstrução dessa hegemonia e seus benefícios à população discente das escolas públicas brasileiras;
·         A descolonização e justiça curricular;
·         A questão autoral permeando essas desconstruções;
·         A possibilidade de um estreitamento entre as/os discentes e a escola.

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